O desengajado produtivo
- Kleber Rodrigues
- 9 de jun.
- 2 min de leitura
Tem gente batendo meta e se sentindo um impostor.
Não porque mente. Mas porque não sente.
A produtividade virou o disfarce social do esgotamento emocional. É como um palhaço que sorri enquanto engole farpas. A gente posta o check na tarefa, o número no relatório, a conquista no LinkedIn… mas por dentro? Uma vontade de sumir. Ou pior: de que ninguém perceba.
Você já reparou como o engajamento sumiu das entrelinhas?
Tá tudo funcionando. Só não tem ninguém habitando ali dentro.
Reuniões com sorrisos cansados. E-mails polidos como epitáfios. Lideranças “inspiradoras” com olhos mortos. O teatro da produtividade tá cheio de atores bons. Mas a plateia — aquela interna, a que a gente tenta calar — já foi embora faz tempo.
Produtividade sem presença é um tipo elegante de abandono.
E o mais cruel? A empresa aplaude. O líder elogia. O algoritmo recompensa. E você segue. Sem alma, mas com KPI.
É como viver num corpo que se mexe sem pedir permissão à alma.
Engajamento não é gostar do que faz, aliás, você não precisa gostar do que faz! Outro dia falo sobre isso. Engajamento é SE SENTIR DENTRO DO QUE FAZ! É QUANDO VOCÊ NÃO PRECISA DEIXAR PEDAÇOS DE SI DO LADO DE FORA PRA CABER NA AGENDA!
Mas ninguém ensina isso no onboarding.
Aliás, sabe o que mais não te dizem?
Que o oposto de engajamento não é improdutividade. É indiferença. É fazer bem feito, mas com o coração desligado. É cumprir tudo — e não se sentir parte de nada. É ganhar prêmios e aplausos mas sair na primeira proposta de trabalho sem futuro só para respirar mais 3 minutos.
A alma humana não suporta viver em modo “cumpridor crônico”.
E se você chegou até aqui, talvez já tenha sentido isso. Ou esteja sentindo agora.
Então, antes de mais um planner, mais um curso de produtividade, mais um post motivacional... faz outra pergunta:
O QUE EM MIM EU ESTOU SILENCIANDO PARA CONTINUAR ENTREGANDO TANTO?
Porque às vezes, o que chamam de “alta performance”... é só um grito bem disfarçado.

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